1923 (HÁ CEM ANOS) –
OS SANTOS POPULARES EM PONTE DE LIMA
S. ANTÓNIO
1.1 – Lugar de Crasto – Ribeira (dia 13 de Junho)
1.2 – Refoios (dia 13 de Junho)
1.3 – Fornelos (dia 13 de Junho)
1.4 – Vitorino de Piães (dias 16 (?), 17 de Junho)
1.5 – Igreja de Santo António da Torre Velha – Arcozelo (dia
17 de Junho)
S. JOÃO
2.1 – Ponte de Lima (dia 23 e 24 de Junho)
S. PEDRO
3.1 – S. Martinho da Gandra (dias 28 e 29 de Junho)
3.2 – Bairro de Além da Ponte – Arcozelo (dia 29 de Junho)
SANTO ANTÓNIO
Sendo o dia 13 em quarta-feira, realizaram-se (pelo menos
foram anunciadas) festividades na Ribeira, Refoios e Fornelos. Em Vitorino de
Piães e Arcozelo preferiram os festejos no fim-de-semana.
1.1.RIBEIRA
“No vizinho e pitoresco local da Cruz de Pedra”, “grandes
festas ao taumaturgo Santo António”, com, na capela da Cruz de Pedra, missa
solene acompanhada a órgão e vozes pelas meninas da creche da vila, sob a
regência de Augusta de Araújo Lima, desafio de futebol, banda de música de
Moreira do Lima, arraial com iluminação, bazar de prendas, descantes populares
ao desafio, grande cascata, representação da comédia, em um acto, «O Actor e
seus vizinhos» desempenhada por um grupo de amadores da freguesia.
1.2.REFOIOS
Com toda a solenidade e a participação da Banda dos Artistas
(Vila).
1.3.FORNELOS
Solenidades religiosas, sermões, pelo Abade de Sandiães e
pelo Abade de Argela, Caminha, arraial com o concurso da Banda de Cabaços,
procissão, fogo-de-artifício.
1.4.VITORINO DE PIÃES
Grande arraial com iluminação, fogo e música e representação
do drama de Santo António, solenidades religiosas, procissão, continuação do
arraial com descantes populares, música e repetição do drama de Santo António,
etc.. Tocou, durante o dia, a banda de Cabaços.
1.5 ARCOZELO
Igreja de Santo António da Torre Velha, “do bairro de
Além-da-Ponte”, de manhã solenidades religiosas, de tarde sermão e procissão. Tocou,
durante o dia, a Banda dos Artistas de Ponte de Lima.
S. JOÃO
2.1. PONTE DE LIMA
Embora organizada fora da responsabilidade da Irmandade, que
assumiu a direcção dos festejos a S. João, era prometida, para o dia 24, “uma
magnífica tourada”. Não se confirmou.
Certo é que no dia 27 de Maio se procedeu ao costumeiro “içamento
da bandeira de S. João, com muita assistência, queima de foguetes, descantes
populares, e a participação da Banda dos Artistas de Ponte de Lima que, feita a
cerimónia, liderou cortejo por várias ruas tocando o hino do Santo, para
satisfação de muito povo.
A 15 de Junho tiveram início, na sua capela na alameda, as
novenas. A 23, um sábado, sendo juíza “a simpática menina Albertina Rodrigues
da Silva Caridade, filha do abastado proprietário da freguesia de Vitorino das
Donas…Sr. Manuel Rodrigues da Silva Caridade…e juiz o menino Manuel de Faria
Sampaio, filho do …Sr. Adelino Ribeiro Sampaio, digno presidente da Comissão
Executiva da nossa Câmara Municipal”…, tiveram arranque os festejos.
Os dois jornais da terra, o Cardeal Saraiva e o Rio Lima,
ambos então semanários e publicados ao domingo, não saíram nesse dia 24, mas,
regressados a 1 de Julho, não deixaram de relatar os festejos. Mais ironia, no
Cardeal Saraiva, mais descrição, no Rio Lima. Sabemos, pelo segundo, que o
fogo-de-artifício era do Sr. Cálon, de Ponte da Barca, as bandas de música dos
Artistas de Ponte de Lima, dos Arcos de Valdevez e a de Cabaços, que a
procissão tinha muitos anjos e o sermão foi proferido pelo pároco de S. Paio de
Jolda, Arcos de Valdevez, que os bailes «A Esfolhada» e dos «Camponeses»
tiveram na organização António José Linhares e José Narciso Vieira, e que na
garraiada se distinguiram o cavaleiro José Lisboa e o bandarilheiro Artur Cunha.
O primeiro, embora afirme que “correram brilhantíssimos os festejos”, e “o fogo
e as iluminações agradaram muito”, escreve que “os bailes deixaram muito a
desejar, a procissão regular, o desafio de futebol [Sport Club Triângulo Negro,
de Ponte de Lima – Sport Club Nun’Alvares, de Ponte da Barca], devido ao calor,
não se chegou a concluir, a garraiada, com garraios, talvez fosse brilhante… a
respeito de pegas os bois pegaram regularmente nos respectivos forcados, finalmente,
tudo correu bem: não houve desastres, nem roubos, nem coisas parecidas.”
Uma semana depois, na sua gazetilha, o Pai-Paulino (Malafaia
Neto)), “recorda” a garraiada: “Em honra do S. João/ Na nossa praça de touros,/
A suarem como mouros, / Os destemidos caixeiros,/ Fizeram a garraiada:/ Deram
terra p’ra feijões. / Corrida e trambolhões/ Sempre alegres, presenteiros. // Zé-Lisboa
mui garboso. / Montado no seu Alter, / Espanou, como se quer,/ Toda a poeira da
arena;/ Vermelho como um tomate/ O Joaquim, do Morais/ Deu até saltos mortais/
Para agradar á pequêna// O Artur fez belos câmbios,/ Lorôto pegou de lado/ O
Lôpo foi volteado/ Os passes foram p’ro Cunha/ O que a todos fez pasmar,/ Até o
mesmo animal, / Foi o caso original/ Dum Rato pegar á unha.//Só três bois foram
lidados,/ Os outros, com muita graça,/ Limitaram-se a ver a praça/ Qu’os
diestros deixam franca,/ E diz-se, pela calada,/ Que lá foi todo o sabão/ P’ra
lavar num caldeirão/ As manchas da roupa branca…”
S. PEDRO
3.1. S. MARTINHO DA GANDRA
O correspondente do jornal Rio Lima (A. Caldas) noticiava que
em “S. Martinho da Gândara…uma das aldeias mais belas do nosso Minho… um grupo
de rapazes resolveu festejar… o Santo Claviculário da Corte Celestial.”
Escrevia que “já há três anos... se vem realizando esta festividade…” fazendo também
parte da comissão “a senhora D. Conceição Paiva e seu irmão Sr. Albano Paiva“
andam estes a “ensaiar um engraçado baile que se exibirá por ocasião daqueles
deslumbrantes e grandiosos festejos”.
Mais tarde, o jornal
Cardeal Saraiva resumia o programa: “solenidades religiosas, grande arraial com
3 bandas de música, cascata, iluminações, descantes ao desafio,
fogo-de-artifício”. O mesmo jornal, em posterior número, confirma que o S. Pedro
“foi ruidosamente festejado”.
3.2. ARCOZELO
Festejos com “cascatas, música, quermesse e outros números de
atracção”.
...
Nota: A informação, baseada em relatos ou publicidade, em
alguns casos é incompleta, só anuncia, e não permite, com rigor, confirmar
algumas das iniciativas mencionadas.
Fontes principais: jornais Cardeal Saraiva e Rio Lima
Crédito da Imagem: Recorte de capa da autoria de Alfredo
Cândido, da revista Brasil-Portugal, n.º 202 – 16 de Junho de 1907.