É conhecida a ligação de Guerra Junqueiro a António Feijó e a sua estadia profissional no Alto Minho, como Secretário-Geral do Governo Civil de Viana do Castelo, cidade onde encontra aquela que seria a sua esposa.
Guerra Junqueiro (1850-1923), a sua relevância cultural e política, dispensa apresentação. António Feijó (1859-1917), de modo crescente, é um nome que deixa pouca indiferença.
De Feijó, são várias as cartas, dirigidas a Luís de Magalhães (1859-1935), referindo Guerra Junqueiro, também amigo de Magalhães que, mais tarde, defende empenhadamente, na sequência da prisão deste, por implicação, em 1919, na “Monarquia do Norte”, contribuindo, com a autoridade de republicano granjeada a partir do ultimato inglês de 1890, de forma decisiva para a sua libertação.
Em algumas dessas cartas são referidas as visitas de Guerra Junqueiro ao concelho de Ponte de Lima. Por exemplo, a 20 de Abril de 1884, Feijó relata, lamentando mais uma doença, uma “terrível inflamação das goelas”, encontrar-se “arreliadíssimo com estas coisas” por estar “à espera do Junqueiro” para irem “fazer uma digressão pelas terras vizinhas atrás de alcatifas e retábulos de capelas”. E confessa, a Luís de Magalhães, que “ele tem aparecido por aqui frequentes vezes” o que lhe “tem valido para exercitar a língua, enferrujada como espada que não sai da bainha para não assassinar algum destes bárbaros que por aqui me rodeiam”. Em 22 de Outubro, do mesmo ano, em nova carta, diz que “esteve aqui o Ramalho Ortigão (1836-1915) com o Guerra Junqueiro” e foram passar o dia a Refoios, “a casa do descobridor das telas de Rafael...”, “uma valente estopada mas o sítio é encantador e havia um certo apetite”. “O descobridor das telas de Rafael” era Tomás Mendes Norton, então proprietário do Convento de Refoios, que hoje serve a Escola Superior Agrária, pai do futuro General Norton de Matos, um dos mais relevantes filhos de Ponte de Lima, e a “descoberta”, como reconhece José Norton, em “Norton de Matos – Biografia”, Bertrand Editora, Lisboa, 2002, quimérica fantasia “à volta de azulejos e quadros do convento”. Mas, como também estamos com “um certo apetite”, fiquemos por aqui, referindo que o autor da caricatura de Guerra Junqueiro, que ilustra este texto, é Alfredo Cândido (1879-1960), nosso patrício, que a acompanha, fruto do seu fervoroso republicanismo, e zangado com a proposta de Guerra Junqueiro de manutenção do azul e branco na Bandeira Nacional, com prosa verberante (a esta questão da “nova bandeira” voltaremos, pois ela envolve outro nome estimado em Ponte de Lima: Delfim Guimarães).
[As cartas estão no Vol. I de “António Feijó – Cartas a Luís de Magalhães", INCM, Lisboa,2004]
Guerra Junqueiro (1850-1923), a sua relevância cultural e política, dispensa apresentação. António Feijó (1859-1917), de modo crescente, é um nome que deixa pouca indiferença.
De Feijó, são várias as cartas, dirigidas a Luís de Magalhães (1859-1935), referindo Guerra Junqueiro, também amigo de Magalhães que, mais tarde, defende empenhadamente, na sequência da prisão deste, por implicação, em 1919, na “Monarquia do Norte”, contribuindo, com a autoridade de republicano granjeada a partir do ultimato inglês de 1890, de forma decisiva para a sua libertação.
Em algumas dessas cartas são referidas as visitas de Guerra Junqueiro ao concelho de Ponte de Lima. Por exemplo, a 20 de Abril de 1884, Feijó relata, lamentando mais uma doença, uma “terrível inflamação das goelas”, encontrar-se “arreliadíssimo com estas coisas” por estar “à espera do Junqueiro” para irem “fazer uma digressão pelas terras vizinhas atrás de alcatifas e retábulos de capelas”. E confessa, a Luís de Magalhães, que “ele tem aparecido por aqui frequentes vezes” o que lhe “tem valido para exercitar a língua, enferrujada como espada que não sai da bainha para não assassinar algum destes bárbaros que por aqui me rodeiam”. Em 22 de Outubro, do mesmo ano, em nova carta, diz que “esteve aqui o Ramalho Ortigão (1836-1915) com o Guerra Junqueiro” e foram passar o dia a Refoios, “a casa do descobridor das telas de Rafael...”, “uma valente estopada mas o sítio é encantador e havia um certo apetite”. “O descobridor das telas de Rafael” era Tomás Mendes Norton, então proprietário do Convento de Refoios, que hoje serve a Escola Superior Agrária, pai do futuro General Norton de Matos, um dos mais relevantes filhos de Ponte de Lima, e a “descoberta”, como reconhece José Norton, em “Norton de Matos – Biografia”, Bertrand Editora, Lisboa, 2002, quimérica fantasia “à volta de azulejos e quadros do convento”. Mas, como também estamos com “um certo apetite”, fiquemos por aqui, referindo que o autor da caricatura de Guerra Junqueiro, que ilustra este texto, é Alfredo Cândido (1879-1960), nosso patrício, que a acompanha, fruto do seu fervoroso republicanismo, e zangado com a proposta de Guerra Junqueiro de manutenção do azul e branco na Bandeira Nacional, com prosa verberante (a esta questão da “nova bandeira” voltaremos, pois ela envolve outro nome estimado em Ponte de Lima: Delfim Guimarães).
[As cartas estão no Vol. I de “António Feijó – Cartas a Luís de Magalhães", INCM, Lisboa,2004]
Sem comentários:
Enviar um comentário