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Em 1 de Fevereiro de 1908, num atentado a tiro, cujos mandantes, implicados e conivências ainda hoje são objecto de controvérsia, são assassinados D. Carlos, então rei de Portugal, e D. Luís Filipe, seu filho e, pela ordem estabelecida, herdeiro ao Trono.
António Feijó, do seu posto diplomático, em Estocolmo na Suécia, não demorou a reagir aos acontecimentos. “A notícia do atentado espantou-me, mas não me surpreendeu”, escreveu ele, a Vicente de Pindela, também diplomata, logo a 4 de Fevereiro. “Há meses que eu ando a pregar no deserto que as coisas se encaminhavam para um estado que só podia ter uma solução violenta”, acrescenta. E, mais adiante, após verberar os que rebatiam os seus pressentimentos e atribuir à política do Governo a responsabilidade pelas recentes ocorrências, fruto da falta “de saber”, do mesmo, pois João Franco, o chefe do Governo de Ditadura, apoiado por D. Carlos, “era uma grande inteligência” mas “um espírito inculto” que “fora dos problemas vulgares da administração e da regedoria, não sabia mais nada”, e nem sequer lia todos os livros que António Feijó que enviava, entre eles, e remetido em segredo, “a obra fundamental de Karl Marx, cujo conhecimento um homem político moderno não pode dispensar”. Por isso e acumulando sucessivas decisões erradas foi transformando “a impopularidade do Rei em verdadeiro ódio” e “daí o sinistro resultado que hoje lamentamos, porque foram esses actos que levaram, de impulso em impulso, à supressão de todas as liberdades, fechando todas as válvulas de segurança para a pressão de vapor que fervia em todos ou alguns”.
Na mesma linha, e em 12 de Fevereiro, escrevia ao seu amigo Luís de Magalhães, que tinha participado, antes da ditadura, no governo de João Franco, repisando alguns dos seus argumentos, acima referidos, e precisando o seu entendimento quanto às causas próximas do funesto desfecho, passado a 1 de Fevereiro. Escrevia Feijó: “Quando um governo entra no caminho da repressão arbitrária, não pode mais parar. É a lei das equivalências que tanto se aplica às forças físicas, como aos fenómenos sociais. Uma vez lançado num declive a consequência inevitável é a revolução ou o atentado.”
[Para completa percepção do posicionamento de António Feijó, ler: Rui Feijó, “António Feijó – Cartas a Luís de Magalhães”, Vol. II, pg. 259/262, INCM – 2004; João Afonso Machado, “Minhotos, Diplomatas e Amigos – A correspondência (1886-1916) entre o 2º Visconde de Pindela e António Feijó”, pg. 197/201, DG edições – 2007.]
António Feijó, do seu posto diplomático, em Estocolmo na Suécia, não demorou a reagir aos acontecimentos. “A notícia do atentado espantou-me, mas não me surpreendeu”, escreveu ele, a Vicente de Pindela, também diplomata, logo a 4 de Fevereiro. “Há meses que eu ando a pregar no deserto que as coisas se encaminhavam para um estado que só podia ter uma solução violenta”, acrescenta. E, mais adiante, após verberar os que rebatiam os seus pressentimentos e atribuir à política do Governo a responsabilidade pelas recentes ocorrências, fruto da falta “de saber”, do mesmo, pois João Franco, o chefe do Governo de Ditadura, apoiado por D. Carlos, “era uma grande inteligência” mas “um espírito inculto” que “fora dos problemas vulgares da administração e da regedoria, não sabia mais nada”, e nem sequer lia todos os livros que António Feijó que enviava, entre eles, e remetido em segredo, “a obra fundamental de Karl Marx, cujo conhecimento um homem político moderno não pode dispensar”. Por isso e acumulando sucessivas decisões erradas foi transformando “a impopularidade do Rei em verdadeiro ódio” e “daí o sinistro resultado que hoje lamentamos, porque foram esses actos que levaram, de impulso em impulso, à supressão de todas as liberdades, fechando todas as válvulas de segurança para a pressão de vapor que fervia em todos ou alguns”.
Na mesma linha, e em 12 de Fevereiro, escrevia ao seu amigo Luís de Magalhães, que tinha participado, antes da ditadura, no governo de João Franco, repisando alguns dos seus argumentos, acima referidos, e precisando o seu entendimento quanto às causas próximas do funesto desfecho, passado a 1 de Fevereiro. Escrevia Feijó: “Quando um governo entra no caminho da repressão arbitrária, não pode mais parar. É a lei das equivalências que tanto se aplica às forças físicas, como aos fenómenos sociais. Uma vez lançado num declive a consequência inevitável é a revolução ou o atentado.”
[Para completa percepção do posicionamento de António Feijó, ler: Rui Feijó, “António Feijó – Cartas a Luís de Magalhães”, Vol. II, pg. 259/262, INCM – 2004; João Afonso Machado, “Minhotos, Diplomatas e Amigos – A correspondência (1886-1916) entre o 2º Visconde de Pindela e António Feijó”, pg. 197/201, DG edições – 2007.]
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