LUÍS
DANTAS
José Sousa Vieira
Luís Augusto de Sousa Pereira Dantas nasceu em
Ponte de Lima, na Rua do Arrabalde, então Vasco da Gama, a 3 de Agosto de 1946,
vindo a falecer, em Lisboa, a 20 de Maio de 2011. Perene será a sua obra de
escritor, poeta, publicista, cronista, historiador, crítico literário, começada
a construir, publicamente, a 14 de Maio de 1965, como Luís de Sousa Dantas, nas
páginas do n.º 2.141 do jornal Cardeal Saraiva, numa prosa, carregada de
literatura e inconformismo, titulada Cenas da Aldeia. E foi no mesmo jornal,
creio, que estampou as primeiras poesias, contos, novelas e, alargando
horizontes, assinou Hugo Ritson (cronista e poeta), Só (poeta), L.S.D.
(publicista), Luís de Sousa Dantas, em muitos estilos, e Luís Dantas com que
grafou a maioria dos seus trabalhos. Depois, muitos outros jornais e revistas
acolheram a sua colaboração, viu trabalhos premiados e deu à estampa obras cuja
verdadeira importância está, ainda, por reconhecer devidamente.
Na edição começou em Abril de 1970, com
Pedras Verdes, a que se seguiu, em Janeiro de 1974, Bolero Bar, com
republicações em 2.000 e 2006, ambas obras poéticas. Regressou, com novos
géneros, em 1993, Ponte de Lima na Revolução de 1383 (2.ª edição em 2006);
1999, A Água nas Primeiras Civilizações, O Vinho nas Primeiras Civilizações,
Viagens e Descobertas; 2001, A Revolta da Maria da Fonte, Bocage no seu tempo;
2002, Os Garranos da Península Ibérica (aumentado, tem nova edição em 2010);
2006, O Cinema Olympia em Ponte de Lima, A Vaca das Cordas em Ponte de Lima;
2008, A Arte e a Guerra 1914-1918, Os Limianos na Grande Guerra; 2009, António
Feijó, A Boémia Estudantil e Os Primeiros Versos, O Circo em Ponte de Lima,
Figuras Populares de Ponte de Lima, A Geração Coimbrã de 62; 2010, Retratos
Galegos, Geração Beat; 2011, Gomes Leal, O Anjo Rebelde, João Penha, Vida e
Obra.
Participou,
também, entre 1996 e 2011, em seis obras colectivas e assinou, de 1975 a 2011,
17 prefácios e deixou outro para obra ainda não editorada. Revelados, mas sem
impressão clássica, ficaram 4 trabalhos: Deputados do Alto Minho na Primeira
República; Alberto de Madureira Um poeta esquecido; Mário Domingues; A.
Gonçalves Dias, O Poeta do Maranhão.
Os
que o conheceram sabem da forma especial como se relacionava com a vida,
entendendo-a, quase sempre, como um espaço de partilha e de solidariedade. De
Lisboa, onde viveu o quinhão maior da sua existência, chameava uma visão ampla,
aberta, perto das naus dos descobrimentos constantes, do gosto pelo convívio de
conteúdo fraterno, arrojado, empenhado. Da sua terra pátria, Ponte de Lima, transportava
o aconchego do confinamento territorial, da rua, do largo, da avenida, do
areal, do rio, eternamente, com outra
margem, da casa, do café, do bar, do tasco sempre de caras conhecidas, num
abraço familiar e amigo para com todos – era, em suma, de uma urbanidade
exemplar.
Mas, era mais, tinha uma conversa e uma
escrita cativante, que se fundiam e confundiam. Ainda agora, passado um ano do
seu desaparecimento físico, quando leio algum dos seus trabalhos, é como se o
tivesse à minha frente.
[Jornal Alto Minho, n.º 1062, 17 de Maio de 2012]
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