quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

DEUS LHE PAGUE...

Não terá sido por milagre, embora pareça, que a Censura autorizou, em 1935, a exibição em Portugal da comédia brasileira, em 3 actos e 9 quadros, Deus Lhe Pague, escrita em 1932 por Joracy Camargo (1898-1973) e que, rapidamente, após ter sido estreada pela Companhia de Procópio Ferreira (1898-1979) no Teatro Boa Vista, em São Paulo, a 30 de Dezembro do mesmo ano, se transformou num dos maiores êxitos da dramaturgia do Brasil.
Procópio Ferreira, nome artístico de João Álvaro de Jesus Quental Ferreira, filho de pais portugueses da Ilha da Madeira, trouxe esta, e outras peças, ao Teatro do Ginásio, em Lisboa, onde era empresário Erico Braga.
Com Procópio Ferreira não vieram os seus actores. Ficou ao encargo da Empresa do Teatro do Ginásio a constituição do elenco que haveria de acompanhar aquele famoso artista.
“Deus Lhe Pague” é teatro social, do qual o seu autor é considerado o introdutor no Brasil, e não disfarça características vincadamente ideológicas, de cariz marxista. Em Lisboa foi representada de 8 de Março a 29 de Maio, com encenação de Lucília Simões, e, para além de Procópio Ferreira, participaram no seu desempenho Alexandre de Azevedo, Ester Leão, depois Maria Sampaio, Hermínia Tavares, Tarquínio Vieira, José Gamboa, posteriormente substituído por Luiz de Campos, e Rosina Rego. Ao nosso conterrâneo foi atribuída a personagem do Patrão, em que, segundo Eduardo Scarlatti, “depôs honestidade”, que era, ao que parece, o que faltava à mesma. No Diário de Lisboa, N.L. (Norberto Lopes) escreve que “Tarquínio Vieira desenhou um bom tipo de industrial antipático e pouco escrupuloso.”
Dizem-nos que esta peça, no nosso país, só voltou aos palcos em Julho de 1949, com outro elenco, no Teatro Variedades de Lisboa, mas “enquanto há quatorze anos “Deus lhe pague” era apresentado com todo o vigor mental e verbal que lhe comunicara o seu autor – vêmo-lo agora barbeado, escanhoado de algumas das suas mais irónicas e expressivas imagens”, segundo o crítico M.A. refere, a 2 de Julho, no Diário de Lisboa. Claro que é fácil perceber quem terá sido o "Barbeiro".
Antes, uma produção cinematográfica argentina baseada nesta peça, estreada em 1948, tinha sido exibida em Portugal, onde chegou a 13 de Abril de 1949, ao Odeon e ao Palácio.
Pela tela do Teatro Diogo Bernardes, de Ponte de Lima, passou esta película em 3 e 4 de Março de 1951.

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