quinta-feira, 27 de março de 2008

CHABY PINHEIRO - PONTE DE LIMA, 1925

A 3 de Dezembro de 1925, na sua Gazetilha, habitual no jornal Cardeal Saraiva, Malafaia Neto desvendava o ambiente e tornava obrigatória a presença:



“Meus meninos, cá na terra,
Reina intensa alegria
Por breve termos aqui
O querido actor Chabi
Com a sua companhia!
(...)
Para ver o grande artista,
E fartar-se bem de rir,
Seja troiano ou grego
E ponha as botas no prego
Ao Chabi, é que tem de ir!
(...)”.


Dos actores consagrados, terá sido Chaby Pinheiro um dos que mais vezes actuou no Teatro Diogo Bernardes. Ligadas às suas passagens por Ponte de Lima, são várias as situações de quase comédia em que se viu envolvido, desde hipotética tentativa de assalto, descida de pensão seguro por cordas (apanhado por cheia do Rio Lima), até a acontecida por ocasião desta visita, em Dezembro de 1925, quando a sua Companhia Teatral, em Viana do Castelo, decidiu “reservar no escritório da Empresa dos Transportes Mecânicos”, com destino a Ponte de Lima, mais um lugar de que o dos seus componentes, pois dois eram para acomodar Chaby Pinheiro. Acontece que a reserva não foi respeitada e ao protesto do actor responderam-lhe que, se não cabia, fosse para o tejadilho. Chaby, ao que dizem, retorquiu estar em “terra de selvagens”. O certo é que a viagem se efectuou mesmo e a companhia lá chegou ao destino para a realização dos dois espectáculos previstos.
E a acreditar na crítica de A.A. (António Amorim), inserta no “Cardeal Saraiva” de 10 de Dezembro, bem podiam ter adquirido somente dois lugares, pois “há dias, a companhia Chabi Pinheiro – companhia, não! Chabi Pinheiro apenas, Chabi só, Chabi multidão, Chabi com todos os satélites frouxos e pálidos mexendo-se em volta do globo das suas adiposidades... – deu-nos em duas representações as aplaudidas peças: «Casa,* mesa e roupa-lavada» e «Conde Barão» - duas comédias que são uma fábrica de gargalhada em constante laboração...”.
E lá prosseguiu a sua apreciação no mesmo tom o nosso António Amorim que, seguramente, não pretendia achincalhar o mérito inegável de outros actores presentes, mas, tão só, enaltecer a grandeza, na figura e no talento, de um dos nossos melhores comediantes de todos os tempos e que este desenho, alusivo à Revista, de 1917, Lisbia Amada, como que representa, incluindo a situação caricata vivida na viagem de Viana do Castelo a Ponte de Lima.

* - O título da peça, nesta transcrição e no anúncio, está errado. Em outro espaço da crítica, António Amorim, refere, correctamente, "Cama, mesa e roupa lavada".

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