Carta de Tarquínio Vieira, publicada no jornal Cardeal
Saraiva, n.º 978, de 28 de Maio de 1934, já, então, o actor era profissional há
14 anos e tinha trabalhado, por exemplo, com Maria Matos, Amélia Rey Colaço,
Palmira Bastos, Ester Leão, Ilda Stichini:
Lisboa,
23-V-934
Meu caro Avelino:
Soube há dias,
com grande espanto, que se tinha formado em Ponte do Lima um grupo dramático
chamado “Tarquínio Vieira”.
Não fui
consultado para tal baptismo; e, embora a ideia de me fazerem seu patrono
traduza carinho por mim, acho que os elementos do simpático grupo da minha
terra não procederam acertadamente. Não falta quem seja merecedor de tão subida
honra. E, se a minha opinião pode ter algum valor, que me seja permitido
lembrar um artista que se impôs no Teatro pelo fulgor do seu talento, artista
que Ponte do Lima muito aplaudiu e admirou, e que a classe operária idolatrava –
José Ricardo. Só nomes de prestígio podem honrar os grupos cénicos e nunca o de
quem, como eu, ainda usa bibe e possivelmente não irá além das primeiras letras
na arte de comediante...
A escolha foi,
pois, precipitada; mas ainda estão a tempo de bater no peito o “mea culpa”
prestando homenagem a quem de direito – que melhor os inspirará na difícil
arte, a que por “diletantismo” se dedicam...
Queira ser,
meu caro Avelino, o intérprete das minhas palavras no seu “Cardial Saraiva”,
para destruir possíveis insinuações que, porventura, possam atingir-me.
Abraça-o
reconhecidamente o velho amigo que brevemente o visitará
Tarquínio S. Vieira.
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