Apesar do contencioso e restrições legais emergentes
da instauração da República, em 1910, parece que as tradições religiosas, em
Ponte de Lima, não perderam dinamismo.
Para
o ano de 1913, com núcleo na igreja Matriz[1]
e a presidência do prior da vila, Monsenhor António Pereira Lima[2],
eram anunciados diversos actos, iniciados no dia 16, domingo, com a bênção dos
ramos, e concluídos a 23, também domingo, com a visita Pascal.
No
entretanto, repartidas pela capela de S. João, Igreja da Misericórdia, capela
de Santo António da Torre Velha, a Matriz e as ruas, avançariam as diversas
solenidades (Sete Palavras de Cristo, viático aos enfermos da vila, sermão do
Santíssimo Sacramento, procissão de Ecce Homo, missa dos pré-santificados,
Paixão e Adoração da Cruz, procissão do Enterro, com sermão no fim, exposição
da imagem do Senhor dos Aflitos, Matinas, sermão da Soledade, bênção do lume
novo, Profecias, Ladainhas, bênção da Pia Baptismal, missa da Aleluia,
procissão da Ressureição e Missa Solene).
Para os sermões, e proposta de assistir a
todos os actos religiosos realizados no templo da Matriz, prometia-se a
presença de D. António Barbosa Leão[3],
Bispo do Algarve que, apesar de ser considerado adepto da Lei da Separação, discordou
da sua forma, e principalmente das Cultuais, tendo sido impedido de residir na
sua diocese durante dois anos (Janeiro de 1912 – Janeiro de 1914), tendo, por
isso, disponibilidade para contribuir para o culto da sua religião em outras
dioceses. Dizem que a Ponte de Lima viria por influência do Sr. Luís Ferraz,
com a contribuição do Sr. João Francisco de Morais.
[relato baseado nos jornais de Ponte de Lima, O
Comercio do Lima e Cardeal Saraiva]
[1]
- Na ilustração, como fundo, a igreja Matriz de Ponte de Lima, semelhante ao
que seria no ano de 1913.
[2]
-- António Pereira Lima (em baixo, na ilustração) nasceu na vila de Ponte de
Lima, a 24 de Outubro de 1852, e nela faleceu, a 16 de Fevereiro de 1930.
[3]
- António Barbosa Leão (em cima, na ilustração) nasceu em Parada de Todeia,
Parede, a 17 de Outubro de 1860, e faleceu, a 21 de Junho de 1929, no Porto,
tendo sido Bispo de Angola e Congo (1906-1907), Algarve (1908-1919) e Porto
(1919-1929). Era, ao que dizem, de sangue real, pela Casa de Bragança.
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