sexta-feira, 9 de maio de 2014

CUCURRUCUCU


      

     Um dia desta semana passei por um cartaz (dão-lhe uma designação estrangeira, talvez ignorando que já de há muito são utilizados e nomeados na nossa língua) e, em um cantinho, reparei na figura de Ribeirinho.
     O cartaz anuncia um espectáculo teatral, a decorrer brevemente no Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima, agora divulgado como Cucurrucucu, e a menção a Ribeirinho (Lisboa, 1911- 1984), e também a Henrique Santana (Lisboa, 1924-1995), deve-se a terem sido eles, provavelmente, os primeiros a trazer a peça a Portugal.
  Em 1960, no Teatro Variedades, no Parque Mayer, em Lisboa, uma companhia Teatral, titulado por Francisco Ribeiro (Ribeirinho) e Henrique Santana, tinha anunciado um projecto de teatro só para rir. A que agora chamam de Cucurrucucu, na altura, foi apresentada só com um r (Cucurucucu), era a segunda peça a entrar em cena, e foi estreada a 18 de Novembro desse ano. No elenco, para além de Ribeirinho e Henrique Santana, estavam os nomes de Assis Pacheco, Irene Isidro, Aida Baptista, Lili Neves, Carlos Alves, Mário Pereira e Joaquim Nunes.
     
     A peça da autoria de Alfonso Paso (Madrid, 1926-1978) e título Usted puede ser un asesino, datada de 1958, tinha sido estreada nesse mesmo ano e nele chegou ao Teatro de la Comedia, de Madrid, a 27 de Maio, em representação da Companhia de Ismael Merlo e Diana Maggi, e rapidamente se transformou num enorme êxito, merecendo adaptação cinematográfica em 1961, em realização de José Maria Folqué.
     
     A tradução e adaptação para o nosso país foi efectuada por Jorge de Sousa e a escolha do título ignoro a quem pertenceu.
 Não interessa referir a reacção da crítica, até porque apenas consegui consultar uma, mas a verdade é que a peça se manteve em cartaz até 2 de Janeiro de 1961, sendo, ainda nesse mês, representada no Sá da Bandeira, no Porto, durante vários dias, e também, mais perto de nós, em Braga a 22. Posteriormente a Companhia regressou ao Variedades, com outra peça.

      Francisco Ribeiro (Ribeirinho) pisou o palco do Teatro Diogo Bernardes, pelo menos, uma vez. Integrado na Companhia de Chaby Pinheiro, a 1 de Dezembro de 1929 aqui actuou, na peça de André Brun, A Maluquinha de Arroios, no papel de Chico (a mesma com que tinha feito o seu debute profissional, em Torres Vedras, no Teatro Virgínia, a 3 de Outubro de 1929).
   Não registo qualquer outra passagem de Ribeirinho pelo palco (diversas pelo ecrã) do nosso Teatro, embora tenha regressado a Ponte de Lima, pelo menos, em dois anos, 1939 e 1953, ao serviço do Teatro do Povo, que então dirigia, e acompanhado de excelentes actores (Laura Alves, Leonor d’Eça, Amélia Pereira, Alfredo Ruas, Barroso Lopes, Luís de Campos, em 1939), (Gina Santos, Fernanda de Montemor, Maria Albergaria, Maria José, Vanda Maria, Canto e Castro, Carlos Duarte, Costa Ferreira, Fernando Gusmão, Paulo Renato e Rui de Carvalho, em 1953). Os espectáculos, do Teatro do Povo, aqui realizados, foram ao ar livre, como habitualmente acontecia com aquela companhia de iniciativa estatal.
    Feita esta pequena memória, relembro que o Teatro Diogo Bernardes apresenta, a 17 de Maio de 2014, a peça Cucurrucucu, adaptação de Tozé Martinho e Teresa Wong.


Fontes principais: Jornais da época (ABC de Madrid, Cardeal Saraiva, Diário de Lisboa, …)

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