Um
dia desta semana passei por um cartaz (dão-lhe uma designação estrangeira, talvez
ignorando que já de há muito são utilizados e nomeados na nossa língua) e, em
um cantinho, reparei na figura de Ribeirinho.
O cartaz anuncia um espectáculo teatral, a
decorrer brevemente no Teatro Diogo Bernardes em Ponte de Lima, agora divulgado como Cucurrucucu, e a menção a Ribeirinho (Lisboa, 1911- 1984), e também a
Henrique Santana (Lisboa, 1924-1995), deve-se a terem sido eles, provavelmente,
os primeiros a trazer a peça a Portugal.
Em 1960, no Teatro Variedades, no Parque
Mayer, em Lisboa, uma companhia Teatral, titulado por Francisco Ribeiro (Ribeirinho)
e Henrique Santana, tinha anunciado um projecto de teatro só para rir. A que
agora chamam de Cucurrucucu, na altura, foi apresentada só com um r (Cucurucucu),
era a segunda peça a entrar em cena, e foi estreada a 18 de Novembro desse ano.
No elenco, para além de Ribeirinho e Henrique Santana, estavam os nomes de
Assis Pacheco, Irene Isidro, Aida Baptista, Lili Neves, Carlos Alves, Mário
Pereira e Joaquim Nunes.
A peça da autoria de Alfonso Paso (Madrid,
1926-1978) e título Usted puede ser un asesino, datada de 1958, tinha sido
estreada nesse mesmo ano e nele chegou ao Teatro de la Comedia, de Madrid, a 27
de Maio, em representação da Companhia de Ismael Merlo e Diana Maggi, e rapidamente
se transformou num enorme êxito, merecendo adaptação cinematográfica em 1961,
em realização de José Maria Folqué.
A tradução e adaptação para o nosso país
foi efectuada por Jorge de Sousa e a escolha do título ignoro a quem pertenceu.
Não interessa referir a reacção da crítica, até
porque apenas consegui consultar uma, mas a verdade é que a peça se manteve em
cartaz até 2 de Janeiro de 1961, sendo, ainda nesse mês, representada no Sá da
Bandeira, no Porto, durante vários dias, e também, mais perto de nós, em Braga
a 22. Posteriormente a Companhia regressou ao Variedades, com outra peça.
Não registo qualquer outra passagem de
Ribeirinho pelo palco (diversas pelo ecrã) do nosso Teatro, embora tenha
regressado a Ponte de Lima, pelo menos, em dois anos, 1939 e 1953, ao serviço
do Teatro do Povo, que então dirigia, e acompanhado de excelentes actores
(Laura Alves, Leonor d’Eça, Amélia Pereira, Alfredo Ruas, Barroso Lopes, Luís
de Campos, em 1939), (Gina Santos, Fernanda de Montemor, Maria Albergaria,
Maria José, Vanda Maria, Canto e Castro, Carlos Duarte, Costa Ferreira,
Fernando Gusmão, Paulo Renato e Rui de Carvalho, em 1953). Os espectáculos, do
Teatro do Povo, aqui realizados, foram ao ar livre, como habitualmente acontecia
com aquela companhia de iniciativa estatal.
Feita esta pequena memória, relembro que o
Teatro Diogo Bernardes apresenta, a 17 de Maio de 2014, a peça Cucurrucucu, adaptação
de Tozé Martinho e Teresa Wong.
Fontes principais: Jornais da
época (ABC de Madrid, Cardeal Saraiva, Diário de Lisboa, …)
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