sexta-feira, 13 de outubro de 2006

ITINERARIUM III, de Cláudio Lima


É tranquila a irreverência, pousada a ironia, mordaz o vocábulo. Com lúcida forma e suculento conteúdo, dá-nos Cláudio Lima, em Itinerarium III, diferentes arrimos para um só rumo, sempre inovado e inacabado, repetidamente almejado - a terra, o húmus poético, que da aparente humildade ("hoje é o dia do livro/ e eu apanhei limões/ à mão..."), à certeira denúncia das castas de instalados que se vão apropriando e ocupando todos os pretensos saberes ("pobre do poeta/ que para sobreviver/ se alisboeta/..."), o autor vai decompondo e misturando, com mestria, fazendo-o com notável sentir e pressentir (acção e imaginação) e levando-nos, nesse labor, à grandeza profunda, reflectiva, da sua poesia ("deixo-vos estes versos, bebei-os/ em libações felizes/ de fraternidade// ou em solitárias crises/ de identidade").

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