terça-feira, 28 de novembro de 2006

TEATRO E PONTE DE LIMA

A Companhia Palmira Bastos – Alexandre d’Azevedo em Ponte de Lima

Em Novembro de 1928 os programas cinematográficos e a imprensa local noticiavam a visita da Companhia Palmira Bastos – Alexandre d’Azevedo para a realização de espectáculos no Teatro Diogo Bernardes.
Do elenco da Companhia fazia parte Tarquínio Vieira que para a mesma tinha sido contratado em Setembro de 1927, e segundo o Diário de Lisboa, de 26 do mesmo mês e ano, era “um dos nossos melhores galãs de comédia”.
Esta Companhia actuou no Teatro do Ginásio, em Lisboa, entre Novembro de 1927 e Maio de 1928, tendo, depois, efectuado, como era hábito, digressão pela província, até Julho.
Reformulada ou refeita (geralmente as companhias teatrais dissolviam-se terminada a época) reaparece, agora no Sá da Bandeira, no Porto, em Outubro de 1928.
Em Ponte de Lima apresentou três peças: em 28 de Novembro, dia em que Tarquínio Vieira completou 34 anos de idade, A Severa, de Júlio Dantas; a 29, Amor de Perdição, a peça de D. João da Câmara, baseada no romance de Camilo Castelo Branco; a 30, A Noite de Casino, de Ramada Curto, que a Companhia tinha estreado no Ginásio, em Lisboa, a 08 de Dezembro de 1927, e causou significativa reacção dos meios mais conservadores, obrigando a que nos programas, como no caso do que anunciava a representação em Ponte de Lima, a Empresa garantisse que “a celebre peça A NOITE DO CASINO que vai a caminho das suas 100 representações é um espectáculo próprio para famílias sem a mínima escabrosidade.”
Na Companhia vieram a Ponte de Lima os seguintes actores: Palmira Bastos, Alexandre d’Azevedo, Henrique d’Albuquerque, Jorge Grave, Tarquínio Vieira, Pereira Saraiva, Rafael Alves, José Cardoso, Maria Lagoa, Aurora Dubini, Maria Campos, Constança Navarro e Maria Júdice da Costa.
Tarquínio Vieira participou nas três peças desempenhando, respectivamente, os papéis de D. José (na Severa), Simão Botelho (no Amor de Perdição) e Pedro Medeiros (na Noite de Casino).
Tarquínio de Sousa Vieira nasceu em Ponte de Lima, na rua da Esperança, a 28 de Novembro de 1894, filho de Secundino de Sousa Vieira e Antónia Gertrudes.
Estudou em Ponte de Lima, Lisboa e Braga, regressando a Lisboa, em 1916, para ingressar, no Conservatório de Lisboa, na Escola de Arte de Representar. Também frequentou as Faculdades de Direito e Letras, na capital.
Sabemos da sua participação, em 1918, na peça O Conde Barão, levada à cena, pela primeira vez, pela Companhia Aura Abranches – Chaby Pinheiro, a partir de 30 de Janeiro, no Teatro Politeama em Lisboa. Terá sido a sua estreia em companhia profissional. No entanto, o actor só considera que iniciou a sua carreira no Teatro da Trindade, em Lisboa, na Companhia da Sociedade Teatral Limitada (Empresa António Macedo), a 21 de Outubro de 1920, na peça policial Boneca Misteriosa, original de Allen-Perkins, com tradução de Carvalho Mourão e Rui Godoy. Da Companhia faziam parte, entre outros, Angela Pinto e Ferreira da Silva, dois dos mais consagrados actores portugueses.
Durante cerca de 30 anos, Tarquínio Vieira emparceirou com a maioria dos grandes actores nacionais, e alguns estrangeiros, em diversas companhias teatrais, de primeiro plano, fazendo, ainda, cinema e teatro radiofónico.
A Ponte de Lima veio representar, pela primeira vez, em 1926, na Companhia Palmira Bastos-Gil Ferreira e, depois de 1928, regressou em 1930, na Companhia Ester Leão – Alexandre d’Azevedo.
Faleceu, em Lisboa, a 14 de Agosto de 1960.

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