Apesar das divergências que subsistem quanto à data e aos responsáveis pelo aparecimento do cinema, certo é que a primeira sessão pública é atribuída aos Irmãos Lumiére, no Grand Café de Paris, a 28 de Dezembro de 1895.
Portugal terá de aguardar meio ano para poder maravilhar-se com está nova invenção que, entretanto, foi ganhando diversas máquinas, de diferentes inventores. Ao nosso país chegou à frente a de Edison, trazida para a Europa por Rousby, que o empresário do Real Coliseu de Lisboa, António Manuel dos Santos Júnior, contratou para a sua casa de espectáculos, tendo a estreia decorrido a 18 de Junho de 1896, à tarde, em sessão reservada à imprensa, e à noite, para o público, com projecção num quadro de tela com seis metros quadrados.
Edwin Rousby permaneceu no Real Coliseu de Lisboa até 15 de Julho de 1896, partindo para o Porto, onde deu sessões, no Teatro Príncipe Real, de 18 de Julho a 10 de Agosto.
Novos equipamentos apareceram, outras localidades foram visitadas pelo “cinema”, enquanto cresce a dimensão do écran e a duração das sessões, embora em menor proporção do que a das disputas e polémicas surgidas.
É Francisco Pinto Moreira e o seu “Animatógrafo Português”, inaugurado no Porto, no Príncipe Real, a 27 de Agosto de 1896, quem, em posterior digressão, traz o cinema até ao distrito de Viana do Castelo.
Segundo A. Videira Santos(1), “a tournée a que Pinto Moreira procedeu – e que muito dificilmente se poderá reconstruir com rigor, dada a lamentável escassez de publicações da época, não apenas nas principais bibliotecas do país, incluindo as municipais ou as particulares a que recorremos – ter-se-á iniciado em Viana do Castelo, em cujo Teatro Sá de Miranda realizou dois espectáculos a 25 e a 26 de Dezembro desse ano de 1896. (...) Ter-se-á seguido Monção a 13 e 15 de Janeiro de 1897 (no Teatro Pereira ).(...) Foi, então, a vez de Arcos. Também dois espectáculos, no Teatro Teixeira Coelho, em final de sessão, nos dias 21 e 25. (...)”.
Não foram muito felizes as projecções, devido, principalmente, a deficiências eléctricas.
Esta digressão de Pinto Moreira parece ter ignorado Ponte de Lima, onde o cinema poderá ter chegado em Novembro de 1897, conforme noticia, a quatro do mesmo mês e ano, o jornal A Semana, referindo que “perante regular concorrência funcionou ontem numa sala do “Club Comercial” este maravilhoso aparelho” [Animatógrafo], com sucesso, pois “os vários quadros apresentados despertaram vivo interesse, causando a alguns muita hilaridade”, pelo que “é de esperar que o público aproveite a ocasião de ir admirar uma das mais surpreendentes invenções modernas.”
(1) – A. Videira Santos, Para a História do Cinema em Portugal I, op. cit., p. 180
Fontes: Santos, A. Videira – Para a História do Cinema em Portugal I, Cinemateca Portuguesa, 1990.
Ribeiro, M. Félix – Filmes, Figuras e Factos da História do Cinema Português 1896-1949, Cinemateca Portuguesa, 1983.
Jornal A Semana (recolha de Luís Dantas).
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