segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

PONTE E ÓPERA


Das Märchen

O Teatro Nacional de S. Carlos foi inaugurado em 1793, antecedendo apenas dois anos o texto de Goethe que inspirou Emmanuel Nunes para a composição da sua primeira ópera, “Das Märchen”, que naquele teatro vai ser estreada, a 25 deste mês, e, simultaneamente, transmitida para 14 outros, entre os quais está o Teatro Diogo Bernardes, de Ponte de Lima.
Emmanuel Nunes, nascido em Lisboa no ano de 1941, Prémio Pessoa em 2000, desde 1986 considerando a possibilidade de desenvolver este trabalho, iniciou a partitura em 2003.
A, agora, “Das Märchen” chegou a ser noticiada com o título de “Le serpent vert”, quiçá mais consentâneo com o conto de Goethe que originou o libreto de Emmanuel Nunes.
Goethe (1749-1832), um homem que gostava de saber tudo e deixou marcas em diversas áreas, da poesia à filosofia, da política à botânica, da óptica à anatomia, da geologia à química, da mineralogia à morfologia, etc., trama o seu conto, onde diversos
estudiosos encontram indícios de simbolismo iniciático maçónico e, também, alquímico, em sucessivas transmutações da “serpente verde” que se eleva como ponte, permitindo a união das duas margens do rio e, como escreve Paula Gomes Ribeiro (no sítio do TNSC), de “todos os pontos antagónicos e conflituais, proporcionando um estado de serenidade, sabedoria e felicidade”.
Abstraindo a ópera em si, e avisados comentadores têm prevenido que Emmanuel Nunes não é um autor “fácil”, parece-nos de fazer realçar a confluência do verde, cor da serpente, da ponte e da união das margens do rio, alegoria que encaixa na realidade local, tanto mais que a nossa ponte (a velha, de Ponte de Lima) é de granito, para Goethe a pedra primordial, o fundamento da Terra.
[o figurino, da Serpente Verde, é de Mechthild Seipel]

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