segunda-feira, 17 de março de 2008

ELENA FONS



O “Sr. Gonçalo de Abreu, distinto académico da Universidade de Coimbra, subiu ao palco para entregar, à grande artista, um formoso bouquet, composto de flores naturais e em cujo cartão se lia a seguinte sextilha do nosso amigo e distinto colaborador Sr. Teófilo Carneiro:

Na vossa voz de acento embalador
Há tanta luz, Senhora, há tanta cor,
A traduzir-se em notas fugidias,
Que todos nós ouvindo-vos cantar
Julgamos que assistimos ao raiar
De auroras rutilando em harmonias.”

A voz pertencia a Elena Fons, consagrada cantora lírica nascida em Sevilha, no ano de 1873, e que tendo-se estreado no Teatro Real, de Madrid, na época de 1894-1895, tornou-se, rapidamente, numa das mais famosas vozes de Espanha, triunfando em espectáculos realizados em diversos países. Em Portugal, por exemplo, há notícia da sua passagem pelo S. Carlos, em 1896-1897, regressando posteriormente.
A partir de 1912 diversificou o seu repertório, juntando outros géneros a “reduções de óperas”. Foi assim que, em 1913, o Teatro Diogo Bernardes foi palco de quatro actuações da “Troupe Elena Fons”. Inicialmente estavam anunciadas três representações, na última das quais se passou, no meio de “uma grande salva de palmas” e arremesso de flores para o palco a partir “dos camarotes mais próximos da cena”, a já descrita entrega do “bouquet”, mas o sucesso obrigou a um espectáculo extra, realizado a 30 de Março, “com uma extraordinária concorrência, como raro se tem visto na nossa casa de espectáculos”.
Elena Fons viria a falecer em Portugal, em Loures, no ano de 1948, cerca de 11 anos após ter abandonado a sua carreira, casando com Alberto Virgílio Baptista que, no desempenho das suas funções profissionais, na “Fazenda Pública”, permaneceu, algum tempo, em Ponte de Lima.
""-Cf. "O Commercio do Lima".

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