domingo, 8 de setembro de 2013

Feiras Novas, 1913


FEIRAS NOVAS EM 1913


José Sousa Vieira


   
Dando tradução a intensa campanha liderada pelos jornais O Comércio do Lima e Cardeal Saraiva, tendo como pretexto questões climatéricas, a 17 de Outubro de 1912 o Executivo Municipal de Ponte de Lima decidiu alterar a data das feiras (novas) para 9, 10 e 11 de Setembro, de cada ano, e o feriado municipal para 10 de Setembro.
    Coube ao ano de 1913 inaugurar esta nova data para as feiras novas. Tiveram lugar em terça, quarta e quinta-feira, abrindo, muito cedo, no dia 9, com “uma salva de 21 tiros e pelo enorme ruído dum grande grupo de Zés Preiras”. Nesse dia, às 7 horas principiaram, nos locais habituais, as feiras francas, “as mais concorridas do Minho e notáveis pela importância das suas transacções em gado bovino, suíno, lanígero e cavalar”.
    Uma hora depois dariam entrada nos coretos, da praça de Camões e praça da Matriz, duas bandas de música que também desfilaram, de seguida, por várias artérias da vila. Às 11 horas, atravessaram a ponte e, em Além-da-Ponte, receberam a grande excursão organizada pela Sociedade de Propaganda de Portugal que veio visitar Ponte de Lima. Durante toda a tarde, as bandas de música e os grupos de Zés Preiras foram animando os festejos. Às 21 horas, no largo de Camões, principiou o concerto, com as duas bandas, terminando, os festejos do dia, com “um monstro bouquet de foguetes”.
    No dia 10, feriado municipal, tivemos a feira das trocas, repetiram-se as manifestações festivas do dia anterior e “ao romper da manhã… três bandas de música em sítios diferentes” executaram a peça Alvorada, actuando, durante a restante manhã,  nos coretos já referidos e em um outro situado na Avenida 5 de Outubro.
    Pelas 16 horas, na Alameda de S. João, teve início uma grande exposição de gado bovino, devidamente enfeitado, e com atribuição de prémios aos melhores exemplares.
   No Largo de Camões, pelas 17 horas, foram sorteados dois objectos de prata que o comércio local oferecera para custear as festas. No mesmo local, pelas 21 horas, as três bandas participaram no “mais surpreendente festival nocturno”. Na margem direita do Lima o habitual panneau, desta vez, com oito mil lumes, “representando uma fortaleza Turca”. Com muitos “milhares de lumes” estavam iluminadas a avenida 5 de Outubro, a praça de Camões, o passeio Cândido dos Reis, a rua de S. José e o largo da Matriz. Às 23 horas principiou o fogo, de dois afamados fogueteiros.
   A quinta-feira, dia 11, ofereceu, a partir das 9 horas, a festividade religiosa que, com grande solenidade, na Igreja Matriz, incluiu sermão e missa solene a grande instrumental, em honra de Nossa Senhora das Dores, cuja imagem estava exposta e o templo devidamente engalanado. Nesse dia, e em comemoração das suas bodas de prata, decorreu a festa da nossa Associação de Bombeiros, com nova missa em honra da padroeira da associação, a Virgem das Dores, simulacro de incêndio, pelas 16 horas, e, às 19 horas, foi distribuído um bodo aos pobres. Culminando as comemorações, com início às 22 horas, o jardim da praça da República e a frontaria da sede dos Bombeiros iluminadas, decorreu uma sessão solene, constituída por juramento das praças e na qual falaram Teófilo Carneiro, João Manuel da Silva Braga e Eduardo de Castro e Sousa que foram muito aplaudidos.
 . Todo o dia, em diversos locais, actuou a Banda dos Artistas de Ponte de Lima.
    Para permitir o acesso às feiras, nos três dias, funcionaram quatro carreiras, de e para Viana do Castelo e Arcos de Valdevez..
    As festas decorreram sem grande brilhantismo. Tendo havido “quem depreciasse as da Agonia e afinal as nossas pouco mais adiantaram”. Escassearam bastante os recursos financeiros e ”sem asas não se pode voar”. Acresce que apesar do “tempo bonito” acorreu pouca gente, “não sabemos se pelo facto de serem mudadas as festas, se pelo programa ser pouco convidativo no que concerne a números de great attraction…”

Fontes:
Vieira, José Sousa, Feiras Novas – algumas datas e Comissões de Festas, in Feiras Novas 1826-2006, Vieira, Amândio de Sousa, Foto Lethes, Ponte de Lima, 2006
Jornais O Comércio do Lima e Cardeal Saraiva, diversos números.

Notas: Não foi possível confirmar se todas as actividades previstas se concretizaram.
          O autor da fotografia é, efectivamente, José Pereira Marinho e em ano anterior ao referido na legenda. Talvez 1909.

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