FEIRAS NOVAS EM 1913
José Sousa Vieira
Coube ao ano de 1913 inaugurar esta nova
data para as feiras novas. Tiveram lugar em terça, quarta e quinta-feira, abrindo,
muito cedo, no dia 9, com “uma salva de 21 tiros e pelo enorme ruído dum grande
grupo de Zés Preiras”. Nesse dia, às 7 horas principiaram, nos locais
habituais, as feiras francas, “as mais concorridas do Minho e notáveis pela
importância das suas transacções em gado bovino, suíno, lanígero e cavalar”.
Uma hora depois dariam entrada nos coretos,
da praça de Camões e praça da Matriz, duas bandas de música que também desfilaram,
de seguida, por várias artérias da vila. Às 11 horas, atravessaram a ponte e,
em Além-da-Ponte, receberam a grande excursão organizada pela Sociedade de
Propaganda de Portugal que veio visitar Ponte de Lima. Durante toda a tarde, as
bandas de música e os grupos de Zés Preiras foram animando os festejos. Às 21
horas, no largo de Camões, principiou o concerto, com as duas bandas,
terminando, os festejos do dia, com “um monstro bouquet de foguetes”.
No dia 10, feriado municipal, tivemos a
feira das trocas, repetiram-se as manifestações festivas do dia anterior e “ao
romper da manhã… três bandas de música em sítios diferentes” executaram a peça
Alvorada, actuando, durante a restante manhã, nos coretos já referidos e em um outro
situado na Avenida 5 de Outubro.
Pelas 16 horas, na Alameda de S. João, teve
início uma grande exposição de gado bovino, devidamente enfeitado, e com
atribuição de prémios aos melhores exemplares.
No Largo de Camões, pelas 17 horas, foram sorteados
dois objectos de prata que o comércio local oferecera para custear as festas.
No mesmo local, pelas 21 horas, as três bandas participaram no “mais
surpreendente festival nocturno”. Na margem direita do Lima o habitual panneau, desta vez, com oito mil lumes, “representando
uma fortaleza Turca”. Com muitos “milhares de lumes” estavam iluminadas a
avenida 5 de Outubro, a praça de Camões, o passeio Cândido dos Reis, a rua de
S. José e o largo da Matriz. Às 23 horas principiou o fogo, de dois afamados
fogueteiros.
A quinta-feira, dia 11, ofereceu, a partir
das 9 horas, a festividade religiosa que, com grande solenidade, na Igreja
Matriz, incluiu sermão e missa solene a grande instrumental, em honra de Nossa
Senhora das Dores, cuja imagem estava exposta e o templo devidamente
engalanado. Nesse dia, e em comemoração das suas bodas de prata, decorreu a
festa da nossa Associação de Bombeiros, com nova missa em honra da padroeira da
associação, a Virgem das Dores, simulacro de incêndio, pelas 16 horas, e, às 19
horas, foi distribuído um bodo aos pobres. Culminando as comemorações, com
início às 22 horas, o jardim da praça da República e a frontaria da sede dos
Bombeiros iluminadas, decorreu uma sessão solene, constituída por juramento das
praças e na qual falaram Teófilo Carneiro, João Manuel da Silva Braga e Eduardo
de Castro e Sousa que foram muito aplaudidos.
. Todo o dia, em diversos locais, actuou a
Banda dos Artistas de Ponte de Lima.
Para permitir o acesso às feiras, nos três
dias, funcionaram quatro carreiras, de e para Viana do Castelo e Arcos de
Valdevez..
As festas decorreram sem grande brilhantismo.
Tendo havido “quem depreciasse as da Agonia e afinal as nossas pouco mais
adiantaram”. Escassearam bastante os recursos financeiros e ”sem asas não se
pode voar”. Acresce que apesar do “tempo bonito” acorreu pouca gente, “não
sabemos se pelo facto de serem mudadas as festas, se pelo programa ser pouco
convidativo no que concerne a números de great
attraction…”
Fontes:
Vieira,
José Sousa, Feiras Novas – algumas datas e Comissões de Festas, in Feiras Novas
1826-2006, Vieira, Amândio de Sousa, Foto Lethes, Ponte de Lima, 2006
Jornais
O Comércio do Lima e Cardeal Saraiva, diversos números.
Notas: Não foi possível confirmar se todas as actividades previstas se concretizaram.
O autor da fotografia é, efectivamente, José Pereira Marinho e em ano anterior ao referido na legenda. Talvez 1909.
Notas: Não foi possível confirmar se todas as actividades previstas se concretizaram.
O autor da fotografia é, efectivamente, José Pereira Marinho e em ano anterior ao referido na legenda. Talvez 1909.
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