segunda-feira, 19 de setembro de 2016

TEATRO DIOGO BERNARDES - Caminhos dum percurso

TEATRO DIOGO BERNARDES
Caminhos dum percurso


     A ideia passou a voz pública no ano de 1892 e, nesse mesmo ano, ganhou consistência: optou-se pela natureza jurídica para lhe servir de suporte; escolheu-se o local onde seria construído; foi apresentada a planta e o orçamento - um novo teatro estava a nascer em Ponte de Lima.
     Assim, coube a uma empresa (a Empreza do Theatro de Ponte do Lima), constituída inicialmente por 153 accionistas, nove dos quais acumulavam 340 das 700 acções, todas de igual valor, a responsabilidade do empreendimento. O local pelo qual optaram foi, claro, o em que está instalado ainda hoje. Preterido um outro, sugerido e preferido por alguns dos accionistas, “o terreno das Cruzes, junto ao largo Dr. António de Magalhães”.[1] A planta, abandonada a intenção inicial que apontava para um teatro-circo[2], por demasiado oneroso, ao cuidado do arquitecto Municipal de Viana do Castelo, António Adelino de Magalhães Moutinho, foi aprovada, “com a cláusula de poder ser modificada no que parecesse conveniente, de harmonia com as forças do capital social e outras quaisquer circunstâncias supervenientes”[3].

    Em 1893, concluiu-se a constituição legal da empresa; comprou-se o terreno; deu-se por aprontados a planta e o orçamento; procedeu-se a tentativas de arrematação das obras, depois substituídas por aceitação de propostas, ou que parece com resultados, pois “já se acha realizado o competente contrato”[4]; confirmou-se que o capital era escasso e, por isso, decidiu-se “que a direcção ficasse autorizada a contrair empréstimo, depois de esgotados os meios para serem colocadas todas as acções[5] (de uma nova emissão).
   Infelizmente, em 1894, são noticiados graves acidentes de trabalho, durante a construção do Teatro, com feridos de diferente gravidade e em que perde a vida um operário de 17 anos.
  Em 1895, prosseguindo as obras, parece que o edifício já tem o necessário para acolher os bailes de máscaras dos festejos carnavalescos desse ano e o jornal Vida Nova, de Viana do Castelo (n.º 382, de 16.04), informava que é da autoria de Serafim de Sousa Neves (o então director da Escola Industrial Nun’Alvares, daquela cidade) uma estatueta, destinada à frontaria do Teatro de Ponte de Lima, e esperava ver o modelo em gesso respeitado pelo canteiro que fizer a sua transposição para granito.
   Em 1896 voltam os Bailes de Máscaras, do Carnaval, e inaugura-se formalmente, a 19 de Setembro, o Teatro.

    A partir da inauguração a propriedade e gestão do espaço, com períodos de actividade e encerramento, foi sendo garantida por:
     - 1896 – 1908 – Empresa do Teatro de Ponte de Lima, com diversas direcções.
     - 1908 – 1968 – João Francisco Rodrigues de Morais e herdeiros.
     Sendo possuidor de créditos reclamados, João Rodrigues de Morais passou a único proprietário da Empresa, procedendo à conclusão das obras exteriores e introduzindo diversas modificações interiores. A seu mando ficou a gestão do espaço até ao conflito acontecido durante o Sarau da Tuna Académica de Coimbra, a 4 de Fevereiro de 1910, com várias destruições de mobiliário e outros danos no edifício. O proprietário só aceita a reabertura do espaço caso alguém o “arrende e o explore sob sua exclusiva responsabilidade”.[6] E é o que vem a acontecer. O primeiro empresário, dos muitos que por lá passaram, é Avelino Guimarães que arrenda e explora o espaço entre 1911 e 1914.

     - 1968 – 1992 – Aurélio Pereira Fernandes.
     Após obras de beneficiação, reabre o espaço a 12 de Dezembro de 1968. No dia anterior tinha sido feita apresentação à imprensa, autoridades e outros convidados.
     - A partir de 1992, a propriedade é do Município de Ponte de Lima, sendo o espaço remodelado e reinaugurado a 4 de Março de 1999.





[1] - Jornal A Semana, n.º 25, 15.09.1892.
[2] - Jornal Vida Nova, Viana do castelo, n.º 69, 18.03.1893.
[3] - Jornal A Semana, n.º 25, 15.09.1892.
[4] - Jornal A semana, n.º 61, 08.06.1893.
[5] - Jornal A Semana, n.º 62, 15.06.1893.
[6] - Jornal o Comércio do Lima, n.º 221, 17.12. 1910.

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