TEATRO DIOGO
BERNARDES
Caminhos dum
percurso
A ideia passou a voz pública no ano de 1892 e, nesse mesmo ano, ganhou
consistência: optou-se pela natureza jurídica para lhe servir de suporte; escolheu-se
o local onde seria construído; foi apresentada a planta e o orçamento - um novo
teatro estava a nascer em Ponte de Lima.
Assim, coube a uma empresa (a Empreza do Theatro
de Ponte do Lima), constituída inicialmente por 153 accionistas, nove dos quais
acumulavam 340 das 700 acções, todas de igual valor, a responsabilidade do
empreendimento. O local pelo qual optaram foi, claro, o em que está instalado
ainda hoje. Preterido um outro, sugerido e preferido por alguns dos accionistas,
“o terreno das Cruzes, junto ao largo Dr. António de Magalhães”.[1] A planta, abandonada a
intenção inicial que apontava para um teatro-circo[2], por demasiado oneroso, ao
cuidado do arquitecto Municipal de Viana do Castelo, António Adelino de
Magalhães Moutinho, foi aprovada, “com a cláusula de poder ser modificada no
que parecesse conveniente, de harmonia com as forças do capital social e outras
quaisquer circunstâncias supervenientes”[3].
Em 1893,
concluiu-se a constituição legal da empresa; comprou-se o terreno; deu-se por aprontados a planta e o orçamento; procedeu-se a tentativas de arrematação das
obras, depois substituídas por aceitação de propostas, ou que parece com
resultados, pois “já se acha realizado o competente contrato”[4]; confirmou-se que o
capital era escasso e, por isso, decidiu-se “que a direcção ficasse autorizada
a contrair empréstimo, depois de esgotados os meios para serem colocadas todas
as acções[5] (de uma nova emissão).
Infelizmente, em 1894, são noticiados graves acidentes de trabalho, durante a
construção do Teatro, com feridos de diferente gravidade e em que perde a vida
um operário de 17 anos.
Em 1895,
prosseguindo as obras, parece que o edifício já tem o necessário para acolher
os bailes de máscaras dos festejos carnavalescos desse ano e o jornal Vida Nova,
de Viana do Castelo (n.º 382, de 16.04), informava que é da autoria de Serafim
de Sousa Neves (o então director da Escola Industrial Nun’Alvares, daquela cidade)
uma estatueta, destinada à frontaria do Teatro de Ponte de Lima, e esperava ver o
modelo em gesso respeitado pelo canteiro que fizer a sua transposição para
granito.
Em 1896
voltam os Bailes de Máscaras, do Carnaval, e inaugura-se formalmente, a 19
de Setembro, o Teatro.
A partir da inauguração a propriedade e
gestão do espaço, com períodos de actividade e encerramento, foi sendo
garantida por:
- 1896 – 1908 – Empresa do Teatro de
Ponte de Lima, com diversas direcções.
- 1908 – 1968 – João Francisco Rodrigues
de Morais e herdeiros.
Sendo possuidor de créditos reclamados,
João Rodrigues de Morais passou a único proprietário da Empresa, procedendo à
conclusão das obras exteriores e introduzindo diversas modificações interiores.
A seu mando ficou a gestão do espaço até ao conflito acontecido durante o Sarau
da Tuna Académica de Coimbra, a 4 de Fevereiro de 1910, com várias destruições
de mobiliário e outros danos no edifício. O proprietário só aceita a reabertura
do espaço caso alguém o “arrende e o explore sob sua exclusiva responsabilidade”.[6] E é o que vem a acontecer.
O primeiro empresário, dos muitos que por lá passaram, é Avelino Guimarães que
arrenda e explora o espaço entre 1911 e 1914.
- 1968 – 1992 – Aurélio Pereira Fernandes.
Após obras de beneficiação, reabre o espaço a
12 de Dezembro de 1968. No dia anterior tinha sido feita apresentação à imprensa, autoridades e outros convidados.
- A partir de 1992, a propriedade é do Município
de Ponte de Lima, sendo o espaço remodelado e reinaugurado a 4 de Março de 1999.
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