sábado, 20 de janeiro de 2007

A FEIRA DE PONTE (II)




Ao Esclarecimento do Presidente da Câmara reage, com aspereza, o próprio jornal Cardeal Saraiva, de que era director Alcides Pereira, reafirmando o declínio da feira do gado, numa notícia intitulada “SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER VER” (n.º 2050 de 5 de Julho de 1963).
Refutando o argumento da “receita camarária crescente que só tem interesse num plano relativo a partir do lançamento do imposto”, o jornal Cardeal Saraiva, evocando o seu subtítulo de semanário defensor dos interesses do concelho, afirma que “a questão sobre se a feira cresceu ou decresceu só pode pôr-se, lealmente, entre o que era antes e depois do lançamento do imposto. E não há dúvida (...) de que a feira do gado, anteriormente ao lançamento do imposto, era todo o ano substancialmente mais concorrida”.

No jornal posterior (n.º 2051 de 12 de Julho de 1963) é o Conde d’Aurora quem responde ao Presidente da Câmara, Coronel Machado, pedindo cautela para as análises estatísticas, chamando, em defesa dos seus argumentos, a opinião do “Comércio, em peso, da vila de Ponte de Lima”, e, dizendo ignorar se a única alternativa da “alcavala feiroa” é a do imposto de trabalho, ou se “possa topar-se qualquer outra, desde a taxa de turismo a qualquer comparticipação”, mas afirmando, a ser esse o único caminho, supor “que todos preferem o imposto de trabalho ao da feira”.
E, termina, rogando ao Coronel Machado “se debruce sobre o assunto”, lembrando a confiança geral na “sua sagacidade e ponderação”, e pedindo para continuar “a pugnar pelo desenvolvimento do Concelho, electrificando-o totalmente (vencendo essa sua terrível batalha da electrificação!); concluindo o abastecimento de água e o saneamento; instalando no Paço do Marquês, cuja aquisição municipal só ao Coronel Machado se deve, o nosso Museu e Biblioteca; e a construção da nova Cadeia, do Celeiro de Milho, da Escola Industrial, Comercial e Agrícola; trazendo para o Concelho uma pousada se não arranjar para a Vila um pequenino Hotel (...)”.
Também, nessa data, uma outra personalidade decide transmitir a sua opinião sobre o assunto: o P.e José Augusto Alves. Com azedume, verbera a posição camarária, afirma que “só quem tem o suficiente para viver desafogadamente é que poderá desconhecer o que representa para o lavrador o imposta lançado às suas mercadorias”, “quando a lavoura está a debater-se com a crise mais aguda (...)”, e que, numa “região essencialmente agrícola, e sem indústria, matar as feiras é matar o lavrador, o homem (...)”.
Continuando, no mesmo tom agreste, e entre outros argumentos, refere que “a economia do concelho (...) anda intimamente ligada à nossa feira” e, “asfixiada esta, aquela não pode viver”.
Solicita a revisão do problema, pois “os erros estão sempre a tempo de ser emendados e os grandes homens, as pessoas bem formadas e inteligentes nunca se sentiram diminuídas por terem de voltar atrás”.“A persistência no erro é que quase sempre humilha as pessoas”.

(continua)

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