terça-feira, 8 de abril de 2008

NA HORA DA DESPEDIDA...


O incontornável Malafaia Neto, interpretando o Pai-Paulino, na sua habitual gazetilha, nas páginas do jornal “Cardeal Saraiva”, tinha, a 27 de Outubro, dado o lamiré:


« (...)
E p’ra grande gargalhada
O Pinto e o Zé Pimenta
Convidaram o Chabi
A breve vir até aqui
Pois p’ro ver quem quer se tenta!

Já o disse, mas repito,
Quem quiser morrer a rir
Seja troiano ou grego
E ponha as botas no prego
Ao Chabi é que tem de ir!»

E lá foram, os nossos patrícios, assistir a duas peças, naquela que era apresentada como a digressão de despedida de Jesuína de Chaby, e se acabou por transformar, também, na última passagem de Chaby Pinheiro pelo palco do Teatro Diogo Bernardes.
A Companhia trouxe, desta vez, a comédia em 3 actos, original de André Brun, “A Maluquinha de Arroios” e a comédia, em 4 actos, de Ivo Miranda, com tradução de Álvaro de Andrade, “Dois Milhões”. No elenco vinha, recentemente estreado como profissional, no Teatro Virgínia de Torres Novas, a 3 de Outubro, um jovem franzino de nome Francisco Ribeiro, que actuou na primeira peça, representada a 1 de Dezembro, do ano de 1929, a mesma em que se tinha iniciado, “A Maluquinha de Arroios”, no papel de “Chico”. Pois este jovem, apesar do seu aspecto físico, um contraste de Chaby, rapidamente se agigantou, pela sua forte personalidade e descomunal talento, e, em proporção inversa ao diminutivo porque ficaria conhecido, “Ribeirinho”, encheu, como oceano, os nossos palcos e as nossas telas, sobressaindo, ainda, em outras áreas ligadas ao teatro e ao cinema.
Curiosamente, a imprensa, em Agosto, tinha anunciado a contratação de Tarquínio Vieira, então na Companhia Ester Leão-Alexandre de Azevedo, a actuar no Teatro Nacional, para a Companhia Chaby Pinheiro. Dias depois, esta contratação era desmentida, “porquanto o galã desta companhia vai ser o actor Manuel Bessa, que regressa ao teatro...” e à companhia (cf. Diário de Lisboa, n.º2558 de 10 de Agosto de 1929). Não sabemos se o intuito desta contratação teria a ver com a presença de Chaby Pinheiro, a 19 de Julho, na estreia da peça “O Processo de Mary Dugan”, que a Companhia Ester Leão-Alexandre de Azevedo tinha posto em cena, pela primeira vez no nosso país, no Teatro Nacional, então Almeida Garrett, e que, escreve-se no Diário de Lisboa, de 12 de Agosto, fez sentir ao “grande Chaby”, “tal prazer artístico, tal emoção”, “ao ver a perfeição com que os seus colegas portugueses representavam a celebre peça – em comparação com o que ele acabava de ver em Paris e Madrid – que, apesar do seu feitio ponderado, não teve mão no seu entusiasmo, e deu bem alto a sua opinião, mostrando-se pasmado com o extraordinário espectáculo a que acabava de assistir e abraçando comovidamente Ester Leão, Alexandre de Azevedo, Abílio Alves e todos os principais intérpretes”, onde se incluía Tarquínio Vieira.
Como sabemos, a Companhia Ester Leão-Alexandre de Azevedo veio de visita a Ponte de Lima, no ano seguinte e representou, também, “O Processo de Mary Dugan”, a que já nos referimos. Quanto ao relacionamento, de Chaby Pinheiro e de Tarquínio Vieira, voltaremos .

Sem comentários: