sábado, 5 de abril de 2008

A PRIMEIRA LÁPIDE DO TEATRO DIOGO BERNARDES

Estava prevista para 24 e 25 de Maio, mas, justificada por homenagens que lhe prestariam no Porto, foi transferida para os dias 31 de Maio e 1 de Junho de 1926, mais uma visita de Chaby Pinheiro, e a sua Companhia Teatral, ao Teatro Diogo Bernardes, a Ponte de Lima. Realidade ou notícia publicitária, ao jeito de outras referentes ao teatro de Ponte de Lima, em 29 de Abril era referido um tumulto pela disputa de bilhetes.
E nem esses supostos tumultos, nem os verdadeiros originados pelo golpe militar, entretanto ocorrido (a 28 de Maio, a partir de Braga), importunaram a concretização dos dois espectáculos anunciados: “O Amigo de Peniche” e “O Leão da Estrela”, ambas as peças da Parceria João Bastos, Félix Bermudes e Ernesto Rodrigues, “dois diamantes que Chabi Pinheiro lapida prodigiosamente, arrancando-lhes revérberos e fulgurações inimagináveis...”, a acreditar em António Amorim, um nome que, pouco depois, a ditadura empurrou para o Brasil,(1)  empobrecendo a cultura local e roubando-nos a qualidade crítica deste nosso conterrâneo, de pedir meças a muitos profissionais encartados.
Mas deixemos as peças e falemos, novamente pela prosa de António Amorim, na colocação de “uma lápide, por iniciativa da Empresa, assinalando a passagem do ilustre e insigne actor Chabi Pinheiro, na ribalta do elegante salão do «Teatro Diogo Bernardes»”. Foi a 1 de Junho de 1926 (2) e é a primeira a ornamentar aquela Casa de Espectáculos. Descerrou-a a actriz, e esposa de Chaby Pinheiro, Jesuína de Chaby, mereceu alocução do Dr. Francisco de Queiroz e agradecimentos de Chaby que, em jeito de retribuição, recitou a poesia, de António Feijó, “O garoto dos jornais”, que é, como se sabe e abaixo se reproduz (das “Poesias Completas de António Feijó”, Lisboa, Bertrand, 2.ª edição), “Noite de Natal”, incluída no livro “Ilha dos Amores”, de 1897.

(1)- A Imprensa da época (Cardeal Saraiva, n.º 705, 04/11/1926) refere a sua partida para o Rio de Janeiro. 

(2)- Embora a lápide, existente no Teatro Diogo Bernardes, tenha gravada a data de 31 de Maio de 1926, segundo A.A. (António Amorim), no Cardeal Saraiva n.º 688 de 03/06/1926, o descerramento ocorreu no última dia dos espectáculos (01.06.1926). Fica a dúvida!













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