Histórias
do Lima
José Sousa Vieira
Em
Dezembro do ano de 1903, durante a visita de D. Afonso XIII, Rei de Espanha, e
integrada nos festejos, então organizados, parte de Lisboa iluminou-se, na
noite de domingo, dia 13, à moda do Minho.
D. João da Câmara (Ocidente, n.º 899)
escreveu que poucos iriam ao
baile e jantares do paço; só os mais felizes arranjariam lugar para a toirada e
quase igual a uma sorte grande era uma cadeira para a récita de S. Carlos. A
desforra dos humildes estava nas faladas iluminações.
E
essas iluminações deram mesmo muito falar, principalmente as oriundas do norte:
as da praça do Marquês do Pombal, à moda de Ponte de Lima (e a elas ligadas
vai-se por aqui, através dos tempos, mencionando o nome de Gonçalo Pereira); na
Avenida as de Santo Tirso e na Praça dos Restauradores as de Viana do Castelo.
Resume o agrado o Diário Ilustrado (n.º 11060, 14 de dezembro de 1903)
referindo que qualquer dos três sistemas
deslumbrava a vista da grossa massa de povo que enchia aquele vastíssimo
terreno…
E nem Rafael Bordalo Pinheiro, mais tarde verberando o
tratamento dado aos iluminadores nortenhos (que esta pequena notícia do Diário
Ilustrado, n.º 11064, explica e corrobora: os pobres trabalhadores de Viana do Castelo, que estiveram
quinze dias em Lisboa, preparando as iluminações da Avenida da Liberdade,
continuam a pedir o que se lhes deve, afim de poderem regressar às suas terras), antecipando e caturrando o êxito, as
deixou de evocar entre as suas mordazes ilustrações, como podem verificar (A
Paródia n.º 48, de 10 de dezembro de 1903).
(Publicado na revista Nova Limiana, n.º 45, ABR/MAI/JUN 2016)
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